terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A Reunião

Acabara de anoitecer quando Carlos e Kátia chegaram no portão da escola de seu filho Pedro. Estavam animados, pois essa era a primeira reunião que teriam com a professora do rebento. Bem, pelo menos Kátia estava animada. Os pensamentos de Carlos vagavam pelo jogo de logo mais na TV.

— Já não era sem tempo. Tem 04 meses que neném está na escola e até agora nenhuma reunião? Tá doido. — Disse Kátia.

— Ele só tem 02 anos. O que eles devem fazer na sala? No máximo correm, cagam, pulam, cagam, babam e cagam... não passa muito disso.

— Nossa! Você devia prestar mais atenção no seu filho. Ele já sabe fazer muita coisa.

— Tipo?

— Ele monta quebra-cabeças.

— De quantas peças? — Disse Carlos com sarcasmo.

— Quatro.

— Uhuu!! Vai filhão! — Carlos dizia animado, balançando as mãos para o alto.

— Às vezes eu tenho vontade de te matar. — Kátia dizia entre os dentes enquanto percebia a chegada da diretora.

— Boa noite. Sou a diretora Ana. Vocês são pais de quem mesmo? — Disse uma mulher atarracada e de voz fina que não metia medo em ninguém. Era diretora há 10 anos e por todo esse tempo, alunos e professores subiam em seus ombros para conseguir qualquer coisa que desejavam.

— Somos os pais do Pedro. — Kátia imitava, sem sucesso, um sorriso.

— Ah! — A diretora engoliu seco e começou a suar de imediato.

— É... a sal... a sala de vocês é, é, é... vem comigo. — A baixinha seguia com passos incertos até o final do corredor.

— Que negócio esquisito é esse? — Carlos indagou a mulher com cara de desconfiado.

— Não tenho a menor noção, mas não gostei nada.

— Aiiiiiiiii! — Gritou Carlos ao sentir sua orelha ser puxada com força. A dor o fez girar no pequeno espaço do corredor e, como um lutador (fraco) de MMA, caiu no chão batendo com a mão espalmada no piso grosso da escola.

— Que orelha suja é essa, seu moleque?

Ao sentir os dedos ao redor da orelha afrouxar, Carlos abriu os olhos e, por entre as lágrimas, viu uma figura velha e enrugada ganhar contornos terríveis diante de si.

— Cadê sua mãe? Mostra onde ela está que eu vou ter uma conversa com ela. Onde já se viu deixar um menino andar com a orelha desse jeito. Da pra plantar um alface dentro dessa meleca toda.

— Professora Carmem. Por favor! — A diretora correu e abraçou a idosa que havia jogado Carlos no chão.

— Por favor nada, Ana. Você deu uma olhada nessa criatura. No meu tempo a gente não deixava uma criança neste estado nem chegar perto do portão, quanto mais entrar na sala. — A velha professora dizia cheia de razão.

— Criança? — Carlos gritava enquanto tateava a orelha, tentando conferir se ela ainda estava no lugar. — Você não está confundindo um pouco as coisas?

— Rápido Cíntia. Leve a professora Carmem para a cozinha. Dê um copo de água com açúcar para ela. — Uma assistente pareceu brotar do chão no mesmo instante, agarrou Carmem e a levou para longe. Mesmo sem ver a figura medonha, formada por rugas e fúria, Carlos ainda podia ouvir a voz de taquara da velha. Agradeceu a Deus por poder ouvir e ainda ter orelha.

— Vocês me perdoem. — Adiantou-se a diretora Ana. — Não entendo o que aconteceu. Carmem foi professora por muitos anos aqui. Já está aposentada faz tempo, mas continua ajudando a gente. A profissão de professora é muito desgastante e destruiu com a mente dela, mas a Carmem ainda é maravilhosa para cuidar dos pequenos. Ela é extremamente carinhosa e eu nem lembro do último ataque dela. Ela costumava fazer isso só com as crianças mais levadas, tinha um sexto sentido para achar menino que não prestava. Não entendo porquê ela fez isso com você.

— Eu tenho uma boa ideia. — Kátia disse enquanto fitava Carlos com os olhos apertados.

— Ah tá. A velha doida quase arranca a minha orelha e a culpa é minha?

— Alguma coisa você fez... você sempre faz alguma coisa.

— Também te amo. — Carlos deixou a mulher sozinha e tornou a acompanhar a diretora até a sala do filho.

— Pronto. É aqui. A professora Adriana já está esperando. Tchau. — A diretora saiu correndo. Parecia com medo.

— Meu Deus. Só tem doido aqui. Olha, Kátia, no próximo ano eu escolho a escola, tá?

Antes que Kátia esboçasse qualquer reação, Carlos entrou na sala e foi cumprimentar a professora Adriana.

— Boa noite, sou a professora Adriana. — Disse a professora de 40 anos, que estava ligeiramente acima do peso. Era alta e com longos cabelos negros. Não era linda, mas Carlos não a jogaria fora. Ele só estranhou os olhos vermelhos dela, parecia ter chorado muito.

— Aquela é a tia Mariana, minha assistente. — Essa sim era linda. Carlos ficou olhando a loira de 1,70m por algum tempo. Seu corpo era perfeito. Teria chutado que ela trabalhava em uma academia. O rosto liso, como se não tivesse passado pela adolescência. Mas os olhos também estavam vermelhos. "Que estranho". Pensou ele.

— Podem sentar aqui. A gente tem que conversar um pouco.

Adriana indicou 03 pequenas cadeiras no canto da sala. Carlos sentou-se com dificuldade e a altura do acento fez seus joelhos subirem quase no peito. Parecia um Tailandês que ia cagar em um banheiro público. Kátia e Adriana, com mais classe, deitaram os joelhos para o lado e conseguiram se sentar com delicadeza no diminuto banco. Até pareciam confortáveis. Carlos pensou em imitá-las, mas percebeu que iria parecer uma bichona. Sua masculinidade impediu. Preferia ficar cagando mesmo.

— Bem, vamos direto ao assunto. O Pedro é um menino lindo e muito inteligente, mas tem algumas coisinhas que a gente precisa resolver.

— Que coisinhas? — Adiantou-se Kátia.

— Eu expliquei um pouco na agenda diária deles, vocês não leram?

— Carlos, eu te passei a agenda para ler. Você não viu nada?

— Eh... estava meio sem tempo para ler e passei para a Maria. — Na verdade, Carlos nunca teve saco para escola e como sempre levou muita bronca e suspensões, aquela agenda era, para ele, um símbolo de opressão. Assim, sentiu-se melhor passar para a Maria, empregada da família, ler os recados e repassar um resumo.

— A Maria é analfabeta, sua anta. — Esbravejou Kátia.

— Ah... isso explica porque ela não me passava relatório de nada. — Disse um pensativo Carlos.

— Ah... isso explica porque os recados vinham assinados só com o dedão. — Observou a professora.

Kátia fechou o punho, colocou o dedo indicador flexionado na boca e só parou de morder após sentir o gosto de sangue.

— Acho melhor vocês dois resolverem isso em casa depois. — Iniciou Adriana antes que o casal chegasse às vias de fato ali mesmo. — Temos algumas coisas... ah... delicadas para resolver.

— Hã? Delicadas? — Interpelou Mariana entre os dentes, imediatamente repreendida por Adriana com os olhos em chamas.

— Melhor a gente começar mesmo. Estou vendo que vamos passar raiva aqui ainda.

— Em primeiro lugar, gostaria de saber se vocês estão usando alguma técnica especial para aprimorar a dicção do Pedro.

— Isso é comigo. — Orgulhou-se Carlos.

— Então para logo com isso.

— Por quê?

— Porque seu filho está se tornando um chato.

— Hei, você não pode chamar o nosso filho de chato desse jeito. — Kátia ficava cada vez mais irritada.

— Olha, não me leve a mal, mas o Pedro está falando tudo, mas tudo mesmo, em câmera lenta. — Desculpou-se Adriana.

— Mas como assim?

— Oh amor, eu vi que o Pedro estava com um pouquinho de dificuldade para cantar algumas músicas e eu inventei essa tática dele falar lento e resolveu, não é professora?

— Realmente, eu nunca tinha visto uma criança com a dicção tão perfeita. Mas ninguém aguenta mais conversar com ele.

— Isso é bullying. Eu só ensinei umas musiquinhas.

— Calma aí Carlos, que musiquinhas você ensinou? Você nem gosta de música direito.

— Ah... umas lá.

— Quais?

— Na verdade, foi uma.

— Qual? — Kátia berrava, deixando a professora e a assistente ainda mais tensas.

— Tá bom. O hino do Vasco.

— Caramba Carlos. Será que o seu mundo gira em torno disso?

— Não chama o Vasco disso, ele vai ficar triste.

— Você tem noção da mulice que você está dizendo?

— Isso explica bastante coisa. — Interrompeu uma nervosa professora.

— Explica o quê? — Gritou Kátia para Adriana.

— Calma, calma. Isso explica porque Pedro, toda aula de educação física canta o hino do Vasco.

— Que bonitinho! — Carlos estava com lágrimas nos olhos.

— Não fica tão bonito quando o hino demora 8 minutos!

— Caralho Carlos! — Kátia cravou as unhas no antebraço do marido e as lágrimas rolaram copiosas.

— Sem violência. Pelo amor de Deus. — Adriana também chorava. — A gente vai resolver isso. De vez em quando a gente tranca ele no banheiro até o final do hino e fica tudo bem.

— Ninguém vai trancar meu filho no banheiro. — Kátia cravou as unhas que sobraram no braço da professora. Mais lágrimas rolaram.

— Tá bom! Tá bom! Nada de banheiro. Mas vamos acabar com hino do Vasco. Combinado?

— Combinado! — Rangeu Kátia, despregando levemente as unhas dos braços alheios. — Vamos seguir a reunião "fessora"? — A risada da mulher era doentia.

— Lógico... ah... ah... deixa eu ver. É... vocês estão tendo problemas com o Pedro na hora de ele ir no banheiro, certo?

— Sim, normal. Na idade dele acho que nenhuma criança usa o vaso direito, né? — Adiantou-se Carlos.

— Normal é, mas ele está mostrando, como direi, um apego exagerado aos fluidos dele.

— Apego? — Kátia parecia ter sido abandonada pelo demônio que possuíra seu corpo há pouco.

— É. — Prosseguiu a professora, sem jeito. — Ele gosta de fazer xixi sentado para formar uma poça, só para jogar aquele aguaceiro em cima dos outros. — O casal ficou roxo de imediato. — E ele pegou mania de brincar de massinha com o cocô.

— Como? — Os dois perguntaram em uníssono. Até pareceram um casal feliz. Só pareceram.

— Isso. Massinha. O pior que os coleguinhas estão imitando ele.

— Meu Deus! — Kátia enterrou o rosto roxo nas mãos.

— Você sabe, né? A dicção dele é ótima. É fácil convencer os pequenos.

O olhar de Kátia para Carlos doeu mais que um soco nas partes baixas.

— He he. Próximo assunto professora. — Carlos gaguejava, nervoso. — Cocô não é massinha e mijo não é água. Entendi. Vamos, vamos.

— Olha... não sei como dizer isso, mas o Pedro também mostra um apego excessivo às partes íntimas.

— Hã? — Kátia levantou a cabeça. A roxidão tinha deixado seu rosto.

— Ele faz com vocês uma brincadeira de assoprar o saquinho?

— Ai minha Nossa Senhora das Puras Almas Lavadas. Carlos, eu te mato.

— Poxa amor! Isso é uma brincadeira inocente. Você já viu e ria junto comigo. — Carlos tentava jogar, pelo menos, uma parte da culpa para a esposa. — Professora, era uma brincadeira inocente. Eu nem faço mais. E só fazia quando trocava a frauda dele. eu assoprava o saco dele porque estava um pouquinho molhado de xixi. Ficava fresquinho e ele ria dizendo "soprar saquinho". Nada demais.

— Ele fez isso comigo e com a Mariana. — A assistente voltou a chorar com intensidade. — Nós fomos trocar a frauda dele e ele começou com esse negócio de assoprar o saquinho.

— Olha, eu não quero defender o meu marido, mas vocês não estão exagerando um pouco? — Carlos sorriu e até pensou que a esposa o amava. — Ele é só uma criança e apesar da brincadeira ser besta, ele não tem maldade.

— Não tem maldade? — Mariana berrava no outro canto da sala. — Lógico que tem maldade. Ele... eu... nós fomos trocar a frauda dele e eu vi claramente. Ele olhou para mim com os olhinhos brilhando... — Cada palavra da assistente saía trêmula. — e disse pausadamente, com aquela dicção perfeita, "assopra saquinho titia Mariana, assopra". E piscou para mim... o maldito piscou para mim.

— Ei, ei, você não tem como provar isso. — Carlos se adiantou.

— Ele falou e isso é o que importa seu safado. — Mariana apoiou a mão em uma cadeira e Carlos pensou que ela a arremessaria contra sua cabeça.

— É verdade, isso a gente não pode provar, apesar de eu estar na hora também, mas o outro episódio nós temos muitas testemunhas.

— E teve outra vez?

— Sim... infelizmente.

Os três ouviram som de madeira batendo e ao virarem o olhar perceberam Mariana correr até o banheiro... o ruído líquido que se seguiu mostrou que a assistente estava vomitando... muito.

— Ele fez também com a Geruza.

— E quem é a Geruza. — Carlos dizia com um sorriso cortando os lábios. — A titia da limpeza? Ela também ficou tristin...

— Geruza é uma colega de sala, seu idiota! — Adriana berrou com a voz embargada pelo choro.

— Meu Deus do céu! — O rosto de Kátia voltou a descansar nas palmas de suas mãos.

— Vixe! — O sorriso de Carlos sumira. — E como foi isso?

— Não me faça lembrar disso de novo seu doente pervertido do inferno. — Adriana levantou-se e parou no canto da sala, onde ficou batendo com a cabeça na parede. — Vou dormir todos os dias com essa maldita cena na cabeça. Foi um desespero. Criança chorando, funcionária desmaiando, graças a Deus a professora Carmem não viu... ela não aguentaria. — O som da testa de Adriana na parede era alto e até fazia um ritmo legal, que Carlos acompanhava com palmadinhas na coxa. — Tudo isso acontecendo e ele tentando esclarecer que era só uma brincadeira... aquela desgraçada dicção perfeita!

— Tá bom, e o que a gente faz agora? — Disse Carlos em um tom mais alto, pensando que as pancadas na parede impedissem que Adriana ouvisse qualquer som com qualidade.

— Agora a gente torce para a desgraça não ser maior. Neste momento, essa história está sendo contada ao pai da Geruza e eu não tenho a menor ideia de como ele receberá a notícia.

— Olha Adriana, a responsabilidade é minha. Eu ensinei a brincadeira e eu tenho que explicar para o pai da menina que tudo foi uma confusão... tenho certeza que ele entenderá.

Uma explosão fez todos na sala saltarem. Mariana engoliu parte do vômito no banheiro. A porta da sala voou contra a parede contrária e por ela surgiu um monstro de quase 02 metros de altura.

— Cristo! — Carlos dizia, como se já chamando o pai para uma conferência sobre seu destino pós-vida.

O homem moreno que entrou na sala tinha os braços da grossura da perna de Carlos. Ele usava uma camiseta regata branca e em seu ombro direito, Carlos percebeu um desenho bizarro de uma massa disforme e sem sentido. Em cima da massa era possível ler o nome "Geruza" e abaixo "eterno nenêm do papai". Carlos engoliu cego e começou um "Pai Nosso".

— Você é o filho duma égua que destruiu meu nenêm? Eu vou matar você.

— Calma cara. Deixa eu explicar.

— Vai explicar pro capeta seu miserável. Isso se você chegar no demo com algum dente na boca. — As palavras eram cuspidas. O homem babava enquanto se encaminhava para Carlos.

— Olha, meu amigo, foi uma brincadeira de crian...

— Amigo? Eu vou te mostrar o amigo. — De onde estava o homem saltou e caiu sobre Carlos. As cadeiras quebraram em barulhos secos. Os únicos sons seguintes foram os ossos de Carlos trincando.

 

O olho direito de Carlos abriu com lentidão e as imagens do quarto do hospital foram sendo formadas com preguiça. Depois de uns 05 minutos, quando se acostumou com a claridade, pode perceber que estava com os dois braços quebrados e de uma de suas pernas saíam ferros horríveis. Se tivesse caído de um prédio o estrago seria menor.

— Deus, obrigado por estar vivo.

— Melhor não agradecer ainda. — O homem gigante que o tinha mandado para o hospital estava ao seu lado com a roupa inteiramente branca.

Carlos gritou pelo susto. — O que você está fazendo aqui? Socorro!

— Pode gritar, seu filho da puta, os policiais não estão nem aí.

— Policiais?

— Você achava o quê? Depois que nós contamos para a polícia o que você fez...

— Eu não fiz nada...

— Tá certo. Depois você conversa com o juiz. Retornando, depois que falamos com a polícia o que você fez, eles instauraram um inquérito e o juiz determinou a sua prisão. Tem 02 policiais na porta para impedir que você fuja e o restante do hospital venha te linchar.

— Eu não fiz nada. — Carlos quase não conseguia falar pelo nervosismo. — E como você entrou aqui?

— Fácil. Primeiro, sou o enfermeiro chefe do hospital; segundo, conversei com os oficiais sobre o caso e eles quase me imploraram para que eu entrasse.

— Eu vou berrar.

— Lógico que vai. — O enfermeiro deliciava-se com cada palavra. — E vai chorar também. Mas fique tranquilo, ninguém vai nos incomodar. Os policiais, extremamente prestativos e conscientes da sua situação, já estão devidamente instruídos por mim para explicar que você sofreu múltiplas fraturas e está com grande resistência com os medicamentos para dor. Então gritar é normal em situações assim.

— Cara, não me mata. Por favor. — Carlos queria juntar as mãos em uma prece, mas com elas quebradas percebeu que não seria tão fácil.

— Matar? De jeito nenhum. Sou um cara legal e cumpridor das minhas obrigações. Mas também sou pai preocupado e gostaria de saber exatamente como foi a brincadeira que você fez com a minha filha.

— Cara, você está doido. Eu não fiz nada, foi o meu filho.

— Ah... que feio... vai jogar toda a culpa em uma criança. Eu sou de um tempo em que os pais se responsabilizavam pelos erros dos filhos.

— Tá legal, meu amigo.

— Não sou seu amigo.

— Tudo bem. Senhor, eu vou te contar exatamente o que aconteceu.

— Aí nós temos outro problema. Sabe, eu tenho um pouco de dificuldade com explicações teóricas. Sempre me enrolava na escola com isso. Eu sou um homem de ação.

— Como assim? — Os dentes de Carlos batiam uns contra os outros dolorosamente.

— Você vai me mostrar como é a brincadeira de assoprar saquinho.

— Tá doido cara, como eu vou fazer isso?

— Não se preocupe querido. — O enfermeiro disse enquanto deslizava os dedos pelos cabelos oleosos de Carlos. — Eu te ajudo.

O ruído do zíper da calça do enfermeiro abrindo fez os tímpanos de Carlos explodirem em dor. As lágrimas rolavam e a língua parecia querer descer pela garganta.

— Pelo amor de Deus, nããããããooooooooo!

Os gritos continuaram por muito tempo e eram recebidos com 02 sorrisos satisfeitos dos policiais que guarneciam o quarto.

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